Nosso principal papel na Rede Feminina de Combate ao Câncer é a prevenção: é isso que estamos fazendo e vamos continuar. Prevenir significa nos livrar do mal, evitar que ele chegue. Não existe jeito de prevenir sem antes educar. É através da orientação, do esclarecimento, do conhecimento, que as pessoas aprendem a se prevenir.
Quando falamos em câncer de colo do útero, onde a prevenção é possível em praticamente 100% dos casos, esse trabalho incansável de orientação vale muito a pena.
Como hoje é sabido, o câncer de colo uterino se inicia com uma antiga infecção pelo vírus HPV (Papiloma vírus). A orientação para não ter essa doença, inicia antes da primeira relação sexual. O uso de preservativo nas relações sexuais é a primeira forma de evitar que o HPV chegue ao colo do útero. Quando isso não for possível e o vírus já tiver chegado ao colo e começado a dar sinais de que está ativo, é por meio do exame preventivo que vamos detectá‐lo.
O exame preventivo (também conhecido como Papanicolau) deve ser feito uma vez ao ano, em todas as mulheres com vida sexual ativa e também naquelas que já tiveram atividade anteriormente. Esse exame, que é simples, não causa dor, e que não tem custo algum para a paciente na maioria das vezes, rastreia de forma rápida esse tipo de câncer. O Papanicolau nos mostra quais pacientes deverão fazer a biópsia do colo, e talvez, o tratamento.
Triste é quando a descoberta e feita tardiamente. Às vezes me pergunto como ainda pode existir câncer de colo de uterino se a prevenção é tão eficiente, e como uma mulher pode ficar vários anos sem fazer seu preventivo sendo esse exame de graça nos Postos de Saúde e na Rede Feminina. Mas somos assim, facilmente nos esquecemos do perigo em correr demais no trânsito, de beber demais em uma festa, de comer menos gordura, de dormir mais tempo e assim por diante. Não lembramos que a vida é uma só, e então pagamos o preço por esse descuido.
A chance de uma mulher desenvolver um câncer de colo é praticamente zero, se ela fizer um preventivo por ano. Esse exame, portanto não deveria ser uma opção, mas uma obrigação. Até que a vacina contra o HPV não esteja disponível para toda população, a detecção precoce é a forma mais eficiente de evitar esse câncer. E quando o assunto é mama novamente a prevenção vem à tona, pois esse terrível mal, além de muitas vezes tirar a vida da mulher, também traz consigo uma capacidade mutiladora física e mental. Além de ser uma doença silenciosa e que no inicio não causa dor, é muitas vezes galopante e não conseguimos estancar o seu avanço.
Hoje por meio de mamografia em todas as pacientes acima dos 40 anos, estamos conseguindo descobrir o câncer na mama em seus estágios iniciais e desta forma evitar muitos óbitos. Como essa doença tem caráter hereditário. Quando encontramos histórico de câncer de mama na família, indicamos que a primeira mamografia seja feita aos 35 anos de idade.
Graças a Deus, nos últimos anos, a disponibilidade desse exame vem crescendo, apesar de lentamente. Enquanto isso as mulheres devem continuar gritando pelo direito de ter ao menos uma mamografia de graça por ano. E nós, da Rede Feminina de Combate ao Câncer, iremos continuar com nosso trabalho de prevenção.
Escrito por: Dr. Getúlio de Almeida, médico da Rede Feminina de Combate ao Câncer de Brusque.